quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Voto Dilma.

Eu voto Dilma! E explico…


Sem esperança…

No início da campanha presidencial confesso que não tinha a menor perspectiva sobre quem levaria meu voto para a presidência. Naquele  momento me via absolutamente órfão de perspectivas. Se por um lado não podia fechar os olhos para as mazelas do PT e seu fisiologismo que aparelhou o estado com o único objetivo de preservar o poder. Do outro lado havia minha profunda incompatibilidade com o olhar elitista e a insensibilidade PSDBista em relação aos temas sociais e aos milhares de excluídos, marginalizados e famintos desta nação. Não sou comunista ou marxista, mas estou muito longe de ter qualquer simpatia pelo neoliberalismo tucano.

Eu não podia negar minha profunda satisfação com o desaparecimento do Brasil do mapa da fome do mundo, nem ignorar o fato de que nenhuma escola técnica ou universidade foi aberta ou recebeu investimentos nos governos do PSDB. Eles, os PSDBistas, ao lado dos pseudoDemocratas e os MDBistas, estiveram no poder desde que o Brasil é Brasil; e não há nada que tenham feito que me faça sentir saudades de voltar a ser governado por seus intelectuais e seus economistas doutorados pela ementa do FMI.

Sim, é verdade! No governo do PT justiça social virou populismo. Mas no do PSDB tal "justiça" se pautou desde sempre pela falsa meritocracia neoliberal que ignora o fato de que não há igualdade de direitos quando as oportunidades são desiguais.

Todavia, a despeito da minha clara inclinação pelas políticas sociais do PT, minha consciência ética não me permitia simplesmente votar naquele partido, tanto quanto minhas convicções sociais não me permitem votar no PSDB.

Foi então que surgiu Marina! O fato novo que me abriu um horizonte de esperança. A questão então estava decidida para mim. Meu voto do primeiro turno FOI UM VOTO DE RUPTURA. 


Uma nova questão está em jogo…

Marina foi a possibilidade de dizer que não me alinho com isto que aí está. E falo, não apenas do PT, mas desse velho jogo político polarizado e alimentado por todos os seus mensalões, os do PT e os do PSDB. Quem é pior, quem vende os cargos públicos ou quem vende o Público por inteiro? Quando a opção fica entre PT e PSDB, me vejo dividido entre o sujo e o mal lavado.

Entretanto Marina não foi para o segundo turno. E a decisão a ser tomada deixou de ser em relação a continuidade ou descontinuidade. A questão não é mais entre o VELHO e o NOVO. Voltamos à questão elementar: DIREITA vs ESQUERDA.

Engana-se quem acreditar que ao optar pelo PSDB estará estabelecendo uma ruptura ética, ou estabelecendo uma nova perspectiva democrática sem os fisiologismos do PT. Não há ganho em trocar os PTralhas pela Privataria tucana. É simples: O PT suga o sangue da máquina estatal e o PSDB suga o sangue da máquina privada vitaminado e encorpado pelas riquezas da nação. Entretanto as migalhas da mesa dos senhores PTistas caem no chão dos pobres do Brasil. E as migalhas da mesa dos senhores PSDBistas, onde caem? Bom… os senhores PSDBistas comem às mesas dos restaurantes franceses, suíços, etc. Suas migalhas não caem sequer no nosso chão.


Voto com os simples…

A questão para mim está decidida. Não voto no PT. E não voto no PSDB. Mas voto no pobre. Voto no nordestino, no sertanejo. Voto no excluído. Voto no desempregado. Voto no que antes morria de fome, agora não mais. Voto em quem não mora entre os arranha-céus da cidade grande. Voto Dilma; não como quem se alia às vergonhas que sabemos todos, mas como quem decide ouvir o som que as regiões mais pobres deste país declararam nas urnas. Voto em Dilma, porque povo mineiro me disse que Aécio não lhes fez bem. Ele perdeu no estado que governou. Se eu tiver que me posicionar ao lado de alguém, então aqui estou. Ao lado dos pequeninos.


Um cristão deveria votar na Dilma?

Por favor, não me venham os religiosos levantarem as suas bandeiras moralistas para julgar meu voto. A não ser que sejam ingênuos ao ponto de acreditar que Aécio irá obstruir ou deliberadamente se opor aos temas que estes ideologismos sexistas impõem à nossa agenda legislativa. Se quiserem de fato interferir na construção ética e moral deste país, então sejam, enquanto profetas e enquanto Igreja, autoridade ética e moral na prática e na vivência do evangelho. Influenciem o cidadão, influenciem a família, influenciem seus valores, e isto se refletirá na pauta legislativa. Do contrario, se não podem melhorar o indivíduo, como querem mudar um país, estabelecendo uma ditadura teocrática? Desculpe, já vi esse filme, e não tenho saudade nenhuma daquele cristianismo.

Porque não anulo meu voto?

Não gosto da ideia de não votar. Voto para ter voz, antes e depois. Lembro, aos que gostam de espiritualizar tudo, que Saul não era uma opção da qual Deus se agradava. Samuel resistia a ideia de nomear um rei. Mas Deus lhe disse para ouvir o povo. O que fez o Senhor, deixou o povo padecer nas mãos de um rei desqualificado para prová-los que estavam equivocados? Não! Deus não lavou as mãos, não se absteve. Deus investiu seu Espírito em Saul, mudou o seu caráter. Deus fez o que era possível ser feito para que o rei  - que Ele não desejava -, ao menos fosse um bom rei (I Sm 10:6). Quero fazer a minha parte.

Há quem diga que não votar é uma escolha de protesto. E eu os respeito. Mas para mim, não votar é delegar aos outros o direito de escolher em meu lugar. E esta hipótese não me agrada, porque o governante escolhido governará também sobre mim, e não só sobre quem nele votou. As opções não me agradam, mas são as únicas que tenho.

Voto em Dilma, e exatamente por isso gritarei com todas as minhas forças quando ela trair a esperança dos milhares de pequeninos ao lado de quem me posiciono.


Um abraço
Fabio Castro