quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Ele é o Cara


Quantas vezes, entre nós protestantes, você já ouviu dizer que Pedro era uma pessoa inconstante? Se você não souber de que Pedro eu estou falando, logo poderão lhe ajudar: “Aquele, que negou Jesus três vezes!”


Sim, a despeito de Jesus ter mudado nome daquele rude pescador de Simão para Cefas (que quer dizer rocha); e a despeito também dele ter sido o único a responder que Jesus era o filho do Deus vivo (quando todos tinham dúvidas sobre quem era o Cristo); ou mesmo de ter sido declarado coluna da Igreja pelo próprio Cristo. Pedro ficou mesmo famoso pelos erros que cometeu. Rapidamente lembraremos o canto do galo denunciando a omissão do apóstolo; da repreensão de Jesus ao dizer: “para traz de mim satanás!”; ou mesmo de quando ele afundou no mar por puro medo; ou quando foi repreendido por Paulo em Antioquia.


Mas, para mim, Pedro é o cara. Gente como a gente. Errante; às vezes medroso; cheio de manias e preconceitos; em alguns momentos vaidoso e orgulhoso; ora firme e ora duvidoso; quase bipolar. Mas dele Jesus recebeu as declarações mais apaixonadas, daquelas que Deus deseja ouvir todos os dias dos seus filhos.


- “Eu te amo!”


Foi ele, que mesmo constrangido pelo erro previamente anunciado, teve a coragem de dizer a Jesus que o amava. E o fez com toda sinceridade, porque aquele sentimento era verdadeiro. Pedro não tinha dúvidas do que Cristo significava em sua vida. Ele não era um religioso fingindo devoção ou admiração por Jesus; não estava ali por nenhum interesse material; nem por conveniência; tampouco medo. Não havia nada que pudesse fazê-lo temer sua afirmação. Mesmo que Jesus viesse a censurá-lo pelos seus atos, jamais poderia dizer que seu amor não era legítimo. Em Pedro a adoração se fez verdadeira e pura. E Jesus não teve dúvidas de que a igreja não precisava de um homem perfeito para conduzi-la, precisava de um homem que fosse capaz de amá-la: “Então Pedro, apascenta as minhas ovelhas.”


- “Eu confio em Ti.”


O mesmo Pedro voltava de uma dura noite de trabalho, trazia redes cheias de angústias e incertezas, mas sem nenhum peixe. O mar havia fechado a madre. Era seu primeiro encontro com Jesus e bastou algumas palavras do mestre para Pedro entender que aquele homem não era um homem qualquer. Jesus disse: “Lança a rede do outro lado”. Ao que Pedro respondeu: “Pescamos a noite inteira e não pegamos nenhum peixe, mas sob a tua palavra lançaremos a rede.” Jesus soube logo que encontrara mais do que um seguidor, encontrara um crente de verdade.


- “Eu necessito de Ti.”


Houve um momento da vida de Cristo, considerado pelos teólogos o divisor de águas da sua missão. Foi quando Jesus começou a perceber que a cruz seria um destino inevitável. A crise da Galiléia, como é chamada, marca o início da angústia do calvário. Multidões de discípulos viraram as costas e o abandonaram. Restaram poucos. E Jesus, conjugando ressentimento, mágoa e indignação, convidou os demais discípulos a partirem também, ao que Pedro, apenas ele, respondeu: “Senhor, para quem iremos? Só tu tens palavras de vida eterna.” Estava claro! Pedro era um poço de contradições, mas era o tipo de gente que Jesus queria ver na igreja; gente que tem consciência que precisa de Deus.



Em Cristo; aquele que ama gente como eu, você e Pedro.


Pr. Fabio Castro

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